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    Bepe Damasco

    Jornalista, editor do Blog do Bepe

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    O que a imprensa brasileira pensa sobre uma guerra de um exército contra mulheres e crianças?

    "Em uma das coberturas mais calhordas da história do jornalismo, só há espaço para porta-vozes de entidades sionistas", critica Bepe Damasco

    Uma mulher palestina, Fatima Bashir, e suas netas sentam-se ao lado dos restos de sua casa, que foi destruída em ataques aéreos israelenses, na cidade de Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, 12 de maio de 2023 (Foto: REUTERS/Ibraheem Abu Mustaf)

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    "Na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio! Porque não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças."

    Este trecho potente da fala de Lula, na Etiópia, justamente por preencher o enorme vazio ético, humanista e moral que cercava o debate sobre o conflito no Oriente Médio, foi escondido pelos veículos de comunicação mainstream. 

    Em uma das coberturas mais calhordas da história do jornalismo, só há espaço para porta-vozes de entidades sionistas. É como se não existissem árabes nem palestinos, tampouco políticos, movimentos sociais, organizações de direitos humanos e personalidades de todo o mundo que condenam o genocídio perpetrado pelo estado terrorista de Israel. 

    Fazendo justiça, o portal UOL até que ouviu uma organização de judeus que apoia as declarações do presidente brasileiro. Mas é uma gota no oceano. Nesta terça-feira (20), os editoriais dos jornalões subiram o tom nos ataques a Lula.

    Mas, seguem fugindo de enfrentar a discussão proposta por Lula. O que as Organizações Globo, Folha, Estadão e Veja pensam a respeito de uma guerra entre um exército poderoso contra mulheres e crianças?

    Uma matança nesta escala não acontecia desde a Segunda Guerra Mundial.

    Sei que é perda de tempo clamar por posições empáticas e humanitárias desse pessoal. Contudo, algumas decisões editoriais de tão desumanas ainda chocam. Emoldurar a fala de um criminoso como Netanyahu como se fosse um governante vilipendiado e com direito à justa indignação foi de doer.

    Como reagem os mandachuvas e editores da imprensa comercial diante das imagens de pilhas de crianças mortas? Conseguem dormir na santa paz sabendo que mais de 2 milhões de seres humanos são privados de água, comida, eletricidade, atendimento médico, enquanto toneladas de bombas são atiradas sobre suas cabeças dia e noite?

    Saber que milhares de pessoas ainda estão soterradas sob os escombros, sem que seus entes queridos possam lhes dar um funeral digno, não mexe com seus sentimentos? Que tipo de gente é essa?

    No entanto, não lhes invejo a sorte. Certamente pagarão um preço alto por ter escolhido como inimigo um estadista do porte de Lula. Como a coragem é um dos atributos dos políticos que fazem história, Lula tem o tempo a seu favor. As cenas do genocídio, que desgraçadamente seguirão se espalhando pelo mundo, acabarão por isolar os cúmplices do massacre.  

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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